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Burnout: quando o trabalho acaba com a sua vontade de viver

Quais as características do burnout? Quais os sintomas emocionais e físicos? O que leva a ele? Como evitar?

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Burnout.

É um distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de tensão emocional e estresse provocados por condições de trabalho desgastantes.

É quando estamos vazios. Quando queimamos por completo e não conseguimos oferecer mais nada.

É um tipo de cansaço tão profundo e intenso que você não tem energia pra mais nada, nem pro que você gosta de fazer. É quando não importa mais o final de semana, o feriado ou as férias, porque nem assim você consegue se sentir renovado.

Algumas vezes, é difícil reconhecer o burnout. Algo em nós não quer admitir, por medo de parecer fraco, por que outras pessoas vivem situações muito mais difíceis e não têm a opção de parar, porque tem tanta gente que dá conta e não reclama. Mas, apesar da sua persistência, às vezes o corpo não aguenta mais e precisa parar.

E ele vai te dando sinais.

Minha experiência com o burnout

Há anos venho sentindo um desgaste que foi ficando cada vez mais profundo.

Eu acho que o que foi me chamando a atenção cada vez mais é o fato de que eu não conseguia mais descansar.

Eu sinto que quando conseguia descansar depois de umas férias, eu retornava ao estado anterior cada vez mais rápido, mesmo que mudasse aspectos práticos da minha rotina. E cada vez mais, tarefas simples iam se tornando difíceis. Coisas que eu fazia em dez minutos demoravam muito mais e até não saiam. Eu fui começando a ficar cada vez mais ineficiente. Daí, eu chegava a ter crises de ansiedade, muitas vezes chorava antes de começar o dia, faltava ar. Eu pensava que não ia conseguir outro emprego se falhasse, que não tinha jeito.

Então, quando eu via que não tava conseguindo, isso piorava tudo. Eu passava a me cobrar mais e mais e passar mais horas na frente do computador tentando produzir.

Além disso, pra mim, meus projetos paralelos sempre foram de muita importância. Eram as coisas que eu sentia que realmente tinha que fazer. Antes já tive banda, já tive projeto musical solo, já lancei músicas… e não tinha outro jeito de fazer a não ser me forçando mais algumas horas todo dia. O problema é que como você consegue ser criativo se tá exausto? Não dá,você se sente seco. Parece que você já tirou tudo o que tinha e tem gente te pedindo pra tirar mais, exigindo um suco que já acabou.

A criatividade é a coisa mais preciosa que eu tenho na vida. Eu amo criar coisas, seja uma música, um texto ou um vídeo como esse. Mas a sensação que eu tinha e ainda tenho às vezes é de ter perdido a vontade de viver. Não vem outra frase na cabeça a não ser “não dá mais”.

Posso dizer que meu caso ainda não foi dos piores.

Como reconhecer quando o burnout começa a se instaurar?

Cada pessoa vive o burnout de uma maneira particular, mas alguns temas são comuns, como descrito neste livro, cujo título em português seria algo como “A verdade sobre o burnout: como as organizações causam estresse pessoal e o que fazer sobre isso”. São eles:

Um desgaste no engajamento, que é quando você percebe que o trabalho que antes era importante ou interessante agora não é mais. E, de repente, passa a ser tedioso, difícil e sem sentido.

Desgaste emocional, que é quando a empolgação, dedicação e segurança dentro do trabalho dão lugar à raiva, ansiedade e até depressão.

Desgaste de compatibilidade, que é quando a pessoa vê essa falta de encaixe como algo pessoal, mas na verdade é um problema instaurado na forma como a empresa é gerida em relação ao fluxo de trabalho.

Esses desgastes vão ganhando cada vez mais força à medida que você se sente sobrecarregado, que sente que não tem controle nenhum sobre o trabalho, que não é recompensado pelo que faz, que não se conecta mais com os colegas de trabalho, que não é tratado de maneira justa e que trabalhar com coisas que vão contra os seus princípios.

Assim, você vai progressivamente caindo em uma posição de cinismo, inefetividade e exaustão.

E os sintomas emocionais começam a se somar aos sintomas físicos, como dores musculares, espasmos, pressão alta, problemas gastrointestinais, dermatites, visão turva, insônia, etc.

Em casos mais extremos, a violência da rotina de trabalho é tão grande que as consequências podem ser um avc, um infarto ou até o suicídio.

O que realmente causa o burnout?

Falando assim, até parece que a situação é culpa de uma pessoa que não tem autorrespeito e não sabe dar limites, mas olhar a situação descolada de um contexto político, econômico e cultural é deixar escapar o problema.

Nós vivemos em uma cultura na qual o trabalho excessivo é glorificado.

A busca constante pelo aumento da produtividade e dos lucros acaba forçando uma rotina de trabalho que está o tempo inteiro no limite das forças do trabalhador.

É comum ouvirmos que, se você não está dando 100% pelo seu trabalho, então, você é um preguiçoso, um fracassado. Você tem que vestir a camisa da empresa!

O mundo está repleto de empresas que impõem metas inatingíveis e disseminam a competição entre seus funcionários. Ou que posam como divertidas mas impõem cargas de trabalho abusivas sem pagamento de hora extra.

A solução não é simples. Ainda que se tire um tempo para se cuidar e que se procure a ajuda profissional que vai ser capaz de te tirar do estado de burnout, de nada adianta voltar ao cenário que te levou a colapsar.

Precisamos fazer o que estiver ao nosso alcance pra encontrar um equilíbrio e isso inclui tomar melhores decisões como evitar levar trabalho pra casa, ter um horário pra parar, evitar responder mensagens, enfim, fazer menos, relaxar, dar o espaço que a mente precisa pra respirar.

É um privilégio, com certeza, poder escolher não trabalhar tanto. Mas ao mesmo tempo, é importante encontrar um equilíbrio, lutar por ele.

Além disso, é essencial saber que essa não é uma responsabilidade apenas do trabalhador. É necessário agirmos direto na cultura corporativa, criar condições para que essas decisões não sejam punidas e lembrar aos donos de empresas que somos humanos e não apenas recursos a serem explorados.

Precisamos lutar por leis e pela criação de instituições reguladoras que intervenham e ajudem a evitar abusos.

Mas, enquanto as condições de trabalho ainda estão aquém do ideal, não enfrente isso sozinho. Procure ajuda terapêutica. Aceite ajuda. Cuide de si.

Fale com os outros sobre seus problemas. Compartilhe o que está sentindo com os colegas, amigos, família. Reconheça o burnout.

Quem sabe assim você pode plantar uma sementinha que algum dia pode culminar em uma vida profissional menos penosa, menos abusiva, com mais sentido.

Nota do autor: Estou produzindo vídeos e postando no meu canal de Youtube. Caso você tenha gostado do que faço, pode me apoiar se inscrevendo no meu canal por aqui. O apoio de vocês é importantíssimo e eu não sei como poderia agradecer o suficiente. 🙂

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