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E se eu morrer de COVID-19?

O novo Coronavírus é como uma sombra que se aproxima lentamente e que pode nos alcançar a qualquer momento.

Nota do autor: Vocês, aqui no Medium, são as pessoas mais engajadas no meu conteúdo. Por isso, queria fazer um anúncio. Daqui pra frente vou começar a produzir vídeos e postar no meu canal de Youtube. Vocês podem se inscrever por aqui. O apoio de vocês é importantíssimo e eu não sei como poderia agradecer o suficiente.

Sempre que fizer sentido, pretendo postar aqui o vídeo e uma transcrição adaptada para funcionar como texto. Mas, claro, quero também ouvir a opinião de vocês. Faz sentido? Aguardo o feedback nos comentários.


Olá, aqui é o Luri.

É impossível andar pelas ruas e não notar que algo está diferente.

É impossível ligar a TV, entrar no Instagram ou ler a timeline do Twitter sem sentir a presença de um certo assunto.

Acompanhando as notícias, só vemos os números aumentando cada vez mais rápido. Cerca de 15 dias atrás, era 1 milhão de casos. Agora, já são mais de 2 milhões e não pára de subir em direção à estratosfera.

No Brasil, o mesmo acontece, com o agravante de termos uma disputa ideológica e política que impede ações coordenadas de acontecerem. Nosso governo até já recebeu o indesejável primeiro lugar no ranking de piores reações à pandemia.

Apesar de provavelmente ser por causa da subnotificação, até o nosso índice de mortalidade é anormal, batendo ali a casa dos 6% e crescendo.

A COVID-19 é como uma sombra que se aproxima lentamente e vai nos envolvendo, até nos colocar em um estado de escuridão longa e profunda.

O que me traz à reflexão desse vídeo.

6% é muito!

Não é apenas um número.

É a possibilidade real de que, muito em breve, essas mortes terão nome, sobrenome e endereço. Você e eu vamos ter memórias com as pessoas que morrerão de COVID-19. Podem ser nossos tios, avós, pais.

E, apesar de, sim, o maior número de mortes ser de pessoas idosas, é imprevisível a forma como a doença pode se desenvolver. 50% dos casos graves no Brasil são de pessoas jovens. A COVID-19 deixa sequelas e, diante do cenário de falta de leitos e hospitais lotados, não é exagero dizer que os nossos colegas, primos e amigos também podem morrer. Você e eu podemos morrer.

Agora, eu me pego pensando nisso.

E se eu morrer de COVID-19?

É claro que a gente sempre pode morrer a qualquer momento.

Mas o que eu fiz até aqui?

Será que eu abracei os meus amigos o suficiente? Será que eles sabem o quanto são importantes? Será que a gente jogou conversa fora o bastante? Será que a gente ficou à toa juntos o bastante?

Será que a minha mãe sabe o quanto sou grato por tudo que ela fez pra que eu tenha alguma chance nesse mundo tão maluco?

Será que valeu a pena manter todas briguinhas e rancores e os ranços que eu venho mantendo?

Será que eu fiz mais bem do que mal?

Eu fiz tudo o que podia?

Não sei, provavelmente, não.

Parece que foi preciso um evento de proporções mundiais pra me alertar, pra que eu refletisse sobre o que eu realmente valorizo nessa vida. Ver que essa sombra pode me alcançar a qualquer momento é assustador, mas também pode ser motivador. Afinal, se o meu tempo pode ser abreviado, talvez seja a hora de me mexer, não num sentido capitalista de “vamos lá, trabalhe com propósito, faça o que você ama”, mas de tentar entender o que é realmente importante.

Talvez, seja a hora de dar um significado a essa vida. Mesmo que seja mandar um abraço virtual pra um amigo ou parente. Desejar feliz aniversário. Mostrar que, apesar de não estar ali, fisicamente, eu estou ali.

Enquanto não dá pra sentir o sol tomando uma cerveja na praia lotada, ou sair beijando pessoas suadas no bloco de carnaval, ou curtir um barzinho com os amigos, pelo menos, podemos nos acolher na coletividade da nossa solidão.

Lá, nas esferas do poder, eles falam sobre a economia e lançam que as pessoas vão morrer, “paciência”. Eu não quero morrer pra eles apresentarem um powerpoint feio com números melhores.

Eu quero viver, pra fazer tudo diferente do que vinha fazendo. Mas também pra fazer as mesmas coisas de antes. Porque a vida não vale a pena só quando rolam esses eventos extraordinários, mas principalmente pelo conjunto de eventos mundanos, comuns, que se sucedem dia após dia e vão se enfileirando no fundo da nossa memória. A vida vale a pena pra gente viver de verdade, não só pra enriquecer o patrão, consumindo as melhores horas do nosso dia riscando mil tarefas.

Se eu morrer de COVID-19, morro comum, bem comum, feliz e grato.

E deixo com essas palavras, a esperança de que, vocês que ficam, possam criar um mundo onde nem por um segundo faça sentido perguntar o que vem primeiro, se a vida e o bem-estar das pessoas ou os números numa planilha. Deixo a esperança de que vocês possam viver sem se preocupar com a saúde dos seus parentes e amigos. E também, que vocês possam ser felizes, do jeito que fizer sentido pra vocês. Do jeito que fizer o coração de vocês bater empolgado pelo que vem.

E se eu não morrer, então, que a gente possa construir tudo isso juntos.


Ouça meu single Entrega

Acabei de lançar um single chamado Entrega. Se quiser me fazer feliz, não economize nas palmas aqui embaixo mas também ouça minhas músicas, deixe um recado, siga meu Instagram ou no Spotify. Assim eu garanto que você faz o meu dia. 🙂

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